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PSICOLOGIA: O COMPORTAMENTO HUMANO IMPRESSO NOS AMBIENTES (disciplina de pós - IPOG)

  • Lu_rsr
  • 17 de abr. de 2023
  • 4 min de leitura

Material desenvolvido para atividade prévia - módulo 3 - Master em NeuroArquitetura IPOG

Por Luciana R. S. Rodrigues em 27/05/2022


O que configura uma arquitetura? Limites de edificações, lotes, quadras, paredes, muros, vias? E o urbanismo? Disposição de posteamentos, pontos de transportes, infraestruturas, aglomerados de setores econômicos, políticos, sociais? Quantidades, distancias, medidas que são marcadas em segmentos de linhas em um papel. Em áreas geométricas classificadas por uma legenda. Olhamos para arquitetura, para os seres humanos, para a Natureza, para a cidade como sistemas simplificados que temos pleno domínio. Como planos de intervenções de um mundo bidimensional polarizado, de valores absolutos, de cadências programáveis. Trabalhando com a previsibilidade de um idealismo racional, de uma verdade incondicional – com metas claras, objetivas, assertivas, onde qualquer imprevisto é instantaneamente relacionado a faltas em competência, empenho, conhecimento técnico ou, ainda, falha de terceiros. Os culpados tornaram-se os protagonistas da nossa sociedade junto à depredação do nosso meio. Tudo cabe a eles, tudo falta por desleixo deles, tudo degrada por ação deles. Providenciamos alternativas, muitas vezes provisórias e até agravantes da situação, enquanto retalhamos com tecnologias a linearidade do nosso percurso planejado e alcançável segundo fórmulas de consumo e pílulas de imediatismo. Mas não somos nós a sociedade? Não somos nós os protagonistas? Não somos nós os culpados? Não somos nós quem hostiliza a quem nos amparou em seu berço de natureza? Onde se encontra a lógica ao trabalharmos o futuro de uma geometria simples, de uma expressão matemática com seus elementos fixados e ordem de operações preestabelecidas, quando o presente, a realidade se expressa por geometrias espaciais complexas de origens diversas e relativistas - individual, coletiva, ambiental, ecológica, espontânea, imprevisível, efêmera, seres vivos e não-vivos em interações diretas e indiretas, em combinações e reorganizações variadas, em transformações e adaptações constantes para coexistência?


Um atendimento unidirecional, pontual, simplificado, estático, de uso e de demanda material. Limitado a determinados consumidores (e não necessariamente indivíduos ou usuários), alavancados por conhecimentos fragmentados, regidos por estratégias que comprovem alcances massivos em um tempo desumano, não-biológico. Ambientes cada vez mais multi-menores – para repetições exponenciais, de uso individual, de funcionalidade padronizada – apático e hostil à nossa natureza humana. Edificações cada vez mais adensadas em solos áridos e impermeáveis contornadas por ruas congestionadas de veículos motorizados, saturando nossa mobilidade, nosso convívio, nossa autonomia, nossa disposição, nossos sentidos, nossa relação com o meio ambiente. Produzimos valores numéricos. Robóticos. Isolados. Unitários. Desconexos com a realidade. Em descompasso com nosso tempo de Natureza. Mas não somos seres humanos? Não somos seres sociais? Pouco exploramos a realidade do nosso ser, do nosso presente, da nossa diversidade; pouco construímos para a liberdade, criatividade, experiencia do nosso potencial humano, social, cultural, ecológico; pouco integramos nossa sociedade atual ao nosso desenvolvimento individual e em conjunto. Pouco estimulamos à aprendizagem por nossa vivência, à fluidez natural da nossa espécie em seu Habitat, à coexistência harmônica, adaptativa, interdependentes entre organismos vivos e não vivos. Somos a materialidade do corpo ao mesmo tempo em que somos a imaterialidade da mente e da alma. Humano. Natureza. Espiritualidade. Poucos espaços disponibilizamos, poucos momentos possibilitamos, poucos planos consideramos, poucos ambientes concebemos para nossas emoções, nossos sentidos, nossas percepções, nossas experiencias em ser vivo. Destruímos ao nosso meio, destruímos a nós mesmos. Construímos nosso caos com florestas desmatadas e reforçamos nossas estruturas com solos inférteis. Como nos relembrar, reincorporar, reintegrar, reconectar com nossa natureza existencial, com nossas necessidades elementares e tão motivadoras para nosso desenvolvimento social, intelectual, evolutivo?


Somos parte de nossos bilionários tanto quanto somos parte dos nossos miseráveis. Somos parte dos nossos lucros e consumismo tanto quanto somos parte da nossa falência massiva e decadência coletiva. Somos parte de nossos paraísos tanto quanto somos parte de nossa deterioração ambiental. Nos baseamos em valores financeiros para medirmos nossas realizações, nossos propósitos, nossas esferas sociais; nossas edificações, nossas cidades, nossas esferas materiais. Nos baseamos em perímetros políticos para medirmos nossas individualidades e coletividades; nossos muitos direitos e poucos deveres; nossos ambientes controláveis e nossos ambientes naturais. Configuramos uma sociedade regida pela materialidade do que desnaturalizamos do nosso meio. Mas não faz parte do nosso ser a imaterialidade? Em qual número, linha ou operação consideramos as transformações cotidianas de nossos espíritos? As invisibilidades dos nossos gestos sociais, dos nossos hábitos culturais, dos nossos laços afetivos, das nossas relações biológicas? Pouco discutimos sobre os embasamentos para medirmos nossos estados emocionais, nossas percepções de espécie - nossas vivencias, nossa existência, nossas sensações de equilíbrio e amenidade – na individualidade e na coletividade. Ciência, arte; formação, cultura; humano, ambiente; razão, emoção; história, inovação; Espécie, Habitat. Segregamos, polarizamos, concretizamos sem remetermos à correlação complexa; sem aludirmos à coexistência de todos os constructos e conceitos, de todas as percepções e categorizações que observamos, estudamos, disseminamos em relação aos fenômenos que nos afetam. Nossa resposta: intervimos, impomos, afetamos ao nosso meio de forma depredativa por ignorarmos tais relações interdependentes. Nossa consequência: mentes humanas enfraquecendo, instabilizadas por perda contínuas de estímulos à vida, em ausência do nosso Habitat.


Precisamos das automações, das inovações tecnológicas, das ciências avançadas, mas antes desse futuro idealista, precisamos de nossos sentidos num presente vivo. Transdisciplinar. Onde a individualidade e o coletividade, o interior e o exterior, o estudo e o fenômeno, a parte e o todo são continuamente dialogados a partir de percepções complementares e motivadoras pelas origens diversificadas e agregadoras. Onde encontramos na incorporalidadeda arquitetura a recepção, o abrigo, a expressão dos saberes de todas as ciências, de todas as disciplinas, de todas as esferas que se conectam, interagem, expandem e se transformam na imaterialidade do urbanismo. Precisamos da nossa humanidade, do nosso Habitat natural, do nosso meio ambiente. Ou sequer teremos mentes para relatar nosso legado Humano; muito menos almas para acolher, ressignificar, aprofundar nossas percepções. Juntos nós somos capazes de incorporar a sinergia da transdisciplinaridade. Nós nos completamos enquanto pessoas, enquanto profissionais, enquanto seres sociais, enquanto seres vivos. Nós nos reconectamos com nossas essências e com nosso sistema ecológico.


Natureza. Receptividade. Diversidade. Fluxo. Espaço. Amparo. Adaptabilidade. História. Cultura. Educação. Respeito. Indivíduo. Coletivo. Humanidade. Seres vivos. Elementos não-vivos. Mobilidade. Regeneração. Integração. Transformação. Plenitude. Progresso. Biodiversidade.

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