NEUROARQUITETURA APLICADA A PROJETOS RESIDENCIAIS (disciplina de pós - IPOG) - Parte 1
- Lu_rsr
- 17 de mai. de 2023
- 3 min de leitura
Material (1) desenvolvido para atividade prévia - módulo 7 - Master em NeuroArquitetura IPOG
Por Luciana R. S. Rodrigues em 23/09/2022
Como seriam as lembranças de um ser humano viajando por seus 65 anos de vivências? Memórias, culturas, famílias, realidades. Hábitos, comportamentos, contextos. Talvez o cheiro da grama cortada estimule nosso estado presente pela Natureza tão fresca, jovial, revigorada. Solos tão fortes e sadios que nascem e renascem em tapetes verdes, perfumados de alegria ao deitarem-se às suas raízes. Talvez a casinha de praia, tantos anos sonhada para compor um lugar – de descanso, encontros e reencontros, férias, feriados, fim de semanas, renovação – ilustre os nossos caminhos esperados, celebrados, embelezados por gratidão aos momentos tão bem vividos ao seu tempo. Construída com materiais remanejados entre uns e outros que, também, por ali erguiam seus abrigos. Cadeiras se abriam nas calçadas, junto aos portões abertos para um repouso em banho de sol acompanhado de simpatia e receptividade para com quem passava. Mesmo aos portões fechados, uma espiada e ajuizada nas crianças que brincavam na rua, junto a um cumprimento e prestatividade ao vizinho que chegava. Lugar comum. Vizinhança, convívio, bem querer daqueles que materializam as sensações que nem olhos, nem bolsos, nem mesmo palavras entendem. Sob os ponteiros do Sol, o jogo de vôlei reunia as emoções da lembrança e revezava com o descanso das esteiras compondo a Arte do piso arenoso. O entardecer ressoava as despedidas e promessas de um feliz amanhã. Ora havia quem quisesse contribuir com um serviço de manutenção da casa, ora, pelas nossas próprias mãos, demonstrávamos nosso carinho por aquele espaço que – a cada pintura e rodada de carteado – engrandecia seu significado em cada um de nós. Talvez o cuscuz da tia nos permitisse compreender o valor do Tempo. Com sua forma desenhada ao dia da visita, com seu tamanho sempre suficiente para contemplar a todos, com a nossa realização trazida pela esporadicidade daquele sabor tão enriquecido de afeto. Talvez o contato, o toque, o uso do primeiro telefone fixo na casa nos permitam compreender o significado de recompensa imaterial gerada por empenho, esforço e dedicação: 3 anos, entre angústias e esperanças, para uma conquista tão desejada em família. Com a dor compartilhada, a superação e a valorização se transformam nos alimentos de memórias. Sutilezas, singularidades, alegrias de um bem viver. Talvez as emoções da experiência de um primeiro show junto à multidão nos leve à consciência de nossa infinitude de energia positiva, transformadora, sinergética. Quantas pessoas – quantas histórias diferentes que as permitiram estar ali – reunidas por amor, inspiração, veneração, por aqueles que, de alguma forma, nos permitem materializar nossa vitalidade! Nas primeiras notas de “we are the champions”, não há arrepios, gestos, movimentos que equiparem a intensidade que se instala em nosso peito. Na voz de Queen, as letras que expressam a angústia de nossos diálogos internos - o doloroso e desvalorizado esforço humano, invisível à Sociedade. Mas, na Arte das emoções, a força, a esperança, a coragem transformam o desgaste na magia do unir, agir, superar, compartilhar. A alegria de tantos movimentos de gratidão pelo Sentir no desafio do Viver. Não há perguntas, relatos, análises capazes de nos conectar à realidade quanto nossa liberdade em ouvir e compreender a linguagem dos estímulos diários do nosso ecossistema. Simples complexidades em desenvolvimento à essência do nosso Ser.
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