FUNDAMENTOS DE UTILIZAÇÃO DE BIOSSENSORES E MÉTRICAS DE NEUROCIÊNCIA (disciplina de pós - IPOG)
- Lu_rsr
- 17 de abr. de 2023
- 3 min de leitura
Material desenvolvido para atividade prévia - módulo 5 - Master em NeuroArquitetura IPOG
Por Luciana R. S. Rodrigues em 29/07/2022
A Arquitetura e o Design, em diálogo com estudos cada vez mais avançados em neurociências e tecnologias, ganham ferramentas que ajudam na compreensão das experiencias e dos comportamentos dos usuários. Além das modificações e adaptações facilitadas por programas, em criações de prototipagens virtuais, a aplicação de biossensores (eye trackers, eeg, resposta galvânica da pele...) em usuários que interagem com o modelo de estudo ou que imergem em simulações em espaços reais, permitem melhor precisão na análise de possíveis estímulos ou afetos negativos (ou não tão positivos quanto esperados). A partir dessas informações complementares (parâmetros gerados pelos biossensores) e dos relatos das percepções dos usuários, é possível investigar alternativas que provocariam percepções mais alinhadas com as intensões pretendidas no espaço/objeto em questão. Dessa forma, é possível estabelecer maior assertividade na implementação do projeto/objeto concebido e favorecer um desenvolvimento intelecto-ambiental benéfico e mais equilibrado ao estado dos usuários, em imersão individual e/ou coletiva.
Por meio dos biossensores, em específico, o eye tracking (rastreamento ocular que permite coletar dados relacionados aos estímulos visuais: tempo de permanência, áreas de maior foco, movimento, dilatação e retração da pupila), criam-se possibilidades de análises de fontes difusoras ou centralizadoras de atenção, interesse, divergência ou repulsa, o que, por sua vez, permitem elaborar melhores estratégias de intervenções a depender da experiencia dos usuários e de seus comportamentos pretendidos. Já no caso do EEG (Eletroencefalografia – monitoramento eletrofisiológico que permite coletar dados da atividade elétrica cerebral) auxilia na identificação de ações inconscientes que também fazem parte – e, portanto, influenciam – a forma de percepção da experiencia do usuário. Quanto mais parâmetros complementares aos estudos e diálogos exploratórios com os usuários, mais confiável será a realização de um projeto/objeto com caráter positivo e promotor dos estímulos desejados.
Todavia, por justamente fornecerem informações inconscientes de usuários e, portanto, que não há como validar com eles (visto a falta de consciência sobre os fatores que os influenciaram a determinado comportamento), as análises dos dados gerados pelos biossendores também estão sujeitas a variáveis de contextos visuais que podem ter influenciado naquele percurso ou pontos focais. Inclusive externos às análises especificas, tais como: ruídos, aromas, alterações de luminosidade, umidade, temperatura; outros usuários em proximidade ou interatividade; ativação de determinadas memórias ou sensações; formas e cores – em composições singulares, específicas e, ao mesmo tempo, agrupadas, gerais – das cenas criadas em seus campos visuais. O quanto a parte interfere no todo e o quanto o todo interfere na parte ao se consolidarem nas imagens visuais de cada usuário, de tal forma que os permitam compreender e direcionar focos e atenções aos pontos de interesse particulares a partir de suas intensões iniciais (que os levaram a buscar tais experiências). Mas não somente esses fatores ambientais, como também, da própria estabilidade emocional dos usuários no momento da análise: caso o usuário esteja com fome, ele pode tender a buscar/ focar em determinados alimentos (ou elementos que se relacionem em sua memória com alimentos) – que não seriam do interesse basal dele; caso ele tenha passado recentemente ou esteja passando por emoções fortes (estresse, discussão, luto, fim de relacionamento), ele pode tender a evitar determinadas informações (elementos que se relacionem em sua memória com esses acontecimentos) – que seriam, em outro momento, aceitáveis e até de interesse em sua condição típica de estrutura funcional. Assim, reforça-se a importância de haver consciência e cautela no uso de biossensores – agregando valor enquanto ferramentas complementares para análises –, mas fazendo-se respeitar e prevalecer as relações humanas – os diálogos com os usuários e compreensões das propostas – para a conclusão de escolhas e tomadas de decisões e, dessa forma, valorizando, compreendendo e desenvolvendo o intelecto de todos os envolvidos frente à dados específicos de reações (ou pré-disposições) fisiológicas, instintivas, naturais aos seres animais.
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