DESIGN BIOFÍLICO (disciplina de pós - IPOG)
- Lu_rsr
- 17 de mai. de 2023
- 2 min de leitura
Material desenvolvido para atividade prévia - módulo 6 - Master em NeuroArquitetura IPOG
Por Luciana R. S. Rodrigues em 26/08/2022
Num mar de inspirações, como seria possível escolhermos um único lugar? Se lugar é um espaço que vive pelas nossas emoções e se potencializa pelas nossas memórias, culturas, percepções, relações e interações, como podemos estagná-lo a um passado ou o engessarmos a um futuro? Atrelamos nosso bem-estar a situações pontuadas, a momentos demarcados, a objetos específicos, a seres perpetuados. Será que a água – quente, fria, refrescante, arrepiante; leve, fina, intensa, densa; transparente, profunda, azulada, esverdeada, ofuscante – que banhara nossos pés; sobre solos macios – areia, terra, musgos, pedriscos e conchinhas arredondados; úmido, ardente, gelado – que se moldavam ao nosso andar; sob um céu – limpo, ensolarado, nublado, chuvoso, acinzentado, poente, nascente, vibrante – que reverberava suas sinfonias – pássaros, polinizadores, vegetações, flores e folhas em sopros de ventos, em cordas de chuvas, em composições de sentidos – e englobava as paisagens – biodiversidade, integridade socioambiental, construções autossustentáveis, equilíbrio entre funções, necessidades, desejos, viveres, individualidade e coletividade – que compunham um ecossistema; será a mesma água no instante seguinte às nossas emoções, no instante seguinte aos nossos afetos, no instante seguinte à nossa consolidação da memória? E, nós, seremos os mesmos? Teremos as mesmas percepções ou
estaremos ainda mais estimulados a imergir em tantos outros sentidos e percepções possíveis? Podemos juntar vários lugares inspiradores – por falas, imagens, simulações –, mas quantos deles representam a realidade diária que a Humanidade vive? E os demais seres e elementos inorgânicos?
O mar é tão limpo quanto nossos braços de esgotos a céu aberto. A biodiversidade é tão rica quanto nosso desmatamento para produção massiva. A Terra é tão sustentável quanto nosso domínio, humano-centrado, sobre os territórios ecológicos, Habitat-centrados.
As inspirações vivem nas conexões, nas possibilidades de integrações e coexistências entre tudo e todos que pertencem à nossa Origem, à Terra. Somos tão complexos e diversos em nossas individualidades quanto intricados e complementares em nossa integridade ecológica-universal. Podemos colaborar com retalhos de sobrevivência, como também, podemos colaborar com a ressignificação de quem somos: árvores de personalidades, cachoeiras de compreensões, solos de identidade, seres de liberdade, relações de coexistência.
Universo de respeito, pacificidade e prosperidade. As opções se manifestam entre nostalgias, anseios, cognições sociais, compreensões de mundos e prospecções de futuros; mas nossa escolha dificilmente abraça a realidade do presente, das nossas responsabilidades enquanto Seres Animais-Sociais; das nossas virtudes enquanto Espécie; das nossas potencialidades enquanto Ecossistema. Somos tão grandiosos quanto a nossa (des)conexão e conformidade com o
Habitat que nos refugia neste instante.

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